segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Republicando no Psieditions - Aldous Huxley - As Portas da Percepção




 Ensaio posterior ao As Portas da Percepção, também trata da ingestão de mescalina, sob o ponto de vista de ser um dos meios de conhecer “antípodas da mente” (áreas desconhecidas, inconsciente), sendo outro meio citado o hipnotismo. Visa acrescentar alguns pontos esquecidos no ensaio anterior, essencialmente a questão da possibilidade de uma experiência negativa com alucinógenos, talvez por motivos fisiológicos, mas, principalmente, por motivos psicológicos.
          Huxley afirma que a mescalina altera a percepção, tornando conscientes coisas que o cérebro ignora em seu estado normal por serem inúteis a sobrevivência. Interfere, possivelmente, no sistema enzimático, diminuindo a eficiência do cérebro como válvula reguladora de informações percebidas.
O autor cita a obra Diário de uma Esquizofrênica em suas descrições do inferno na experiência visionária: pode haver existencialismo aterrador, claridade elétrica e implacável, percepção muito apurada, sensação de estar mais presa ao corpo e à condição. O exemplo é utilizado para traçar um possível paralelo entre os efeitos de droga e os sintomas da esquizofrenia, de forma que o desequilíbrio químico que há em ambos os casos fosse semelhante, especulação já feita em As Portas da Percepção.
          Huxley descreve mudanças drásticas na percepção, com luzes e cores intensificadas, ampliação dos valores (passando ao significado puro), visualização geométrica (enxerga-se “desenhos dentro de desenhos”). O autor afirma que nos antípodas da mente estamos quase livres de linguagem e conceitos. Há ainda uma descrição de componentes comuns nas experiências visionárias, como pedras preciosas, vidro, paisagens; e a interpretação em termos teológicos e tradução artística da experiência.
          Ótimo ensaio, não servindo apenas de complemento ao anterior, mas sim como nova visão sobre a percepção humana e os possíveis desdobramentos desta.